segunda-feira, janeiro 31, 2005

Velho ao fim da noite

Terminou a história da lareira
Alguém sempre a contou
Caiu no esquecimento
De quem sempre a recordou

A voz de um jovem
Nunca mudou
Contos da vida
Que o tempo criou

sábado, janeiro 29, 2005

Verdades

Nunca tão ébrio...
Real, tão real, tão ébrio...
Deitado na solidão tão ébrio....

Adormecendo no nenúfar sem lago
Contando as estrelas
Como um pastor sem gado

Recordando pessoas sem nome
Esquecendo-se do mundo que têm fome
Pendendo os cabelos que mentem

Unem-se formando uma corda
Tecendo-se uma manta morta
Que prende a esperança nas costas

Como uma vela que se prende ao mastro
Uma mãe que traz o filho á vida

Descobre-se que os dias são longos
As noites são filhas da lua

O tempo que não passa
Sempre que dizemos que o circo tem graça

Por isso rimos com sede
Esperando que a chuva nos traga água
Uma virtude que desce pela cascata
Sem nunca ser levada á ribalta
S
omos por vezes puros como a água
Ébrios como o vinho

Com uma pipa na mão para correr água
A olhar o céu para cair vinho

quinta-feira, janeiro 27, 2005

Vento

Uiva como lobos
Chora num pranto imaginário
Uma criança birrenta
No desejo solitário

Oh louco saltitão !
És um cão a ladrar
Um gato a miar
Sombreado na noite como ladrão

Tu voz do sonho
Rodopio da fantasia
Tudo é belo quando medonho
Na brisa de magia

segunda-feira, janeiro 24, 2005

Vazio

Vejo sempre as mesmas palavras
Neste imundo mar de pensamentos
Não consigo imaginar
Sem ouvir cantar o vento

Escrever sempre a estupidez
E nunca estar apaixonado
Sentir continuamente a dor
Deste destino malfadado

Perder-me no meu querer
Acabar-me por encontrar
Onde eu mais queria
Não queria nem estar

Tudo isto perde o sentido
Tudo o mais ganha alento
Não é isto que tenho vivido
Mas é para isto que tento

Afinal tudo isto
Não têm nada em comum
Palavras para quem têm visto
Alguém em sitio nenhum

sábado, janeiro 22, 2005

Deus é pai Eu sou seu filho

Nasci, cresci, reproduzi-me, Morri.
O que fiz eu?

Fui homem, peça do puzzle da humanidade
Um hobby ainda inacabado por Deus

Que figura tenta “Ele” construir?
Ou estarão as palavras aqui a enganar-me?

Essas que realizam o conhecimento
Conhecimento esse que faz viver
Viver com mais intensidade e vontade

Ontem descobri o brilho do fogo
Hoje visito o brilho das estrelas

Amanhã só me espera mais conhecimento
Esse que não é frio, despojado de sentimentos

Conheces o amor e a amizade?
Rimam com viver com mais intensidade e vontade

Ter ambição a liberdade de descobrir e alcançar a divindade
Esta será...A chave da vida? A chave do conhecimento?

Abrir as portas do pensamento divino
Onde de frente encontre a imagem de Deus
E ver-me a mim.

Vadio do sonho real

Olhei para o relógio
Não era muito tarde

Com destino incerto
Deparou-se o desconhecido
Que se tornou claro
Como a transparência de um vidro

Eram ruas sem fim
Cada esquina uma surpresa
Avenidas do tempo
Praças de escolha incerta

Encontrava sinais dos anos
Cartazes do passado
Monumentos de uma vida
Jardins pouco plantados

Tropecei na pedra da realidade
Descobri o caminho
Era o presente para quem
Estava perdido e sozinho

sexta-feira, janeiro 21, 2005

Uma noite

Aprendi a amar a noite
Toda a sua ofuscante imensidão
Fria, plena de magia
Desconhecia a sua escuridão

Figura vazia sem rosto
Visão que não inspira a calma
Filha da noite das facas longas
Que nos dilacera a alma

Dominada apenas é noite
Taciturna sem paixão
Na lúgubre e tinhosa ditadura
A sombra da escuridão

Somente é noite....

Uma noite quem diria ?
O universo de uma só cor
Criou vida na tela do dia!

Assim é a noite
Mãe do nada
Semente de tudo
Verdade cansada

quinta-feira, janeiro 20, 2005

Sons sem sono

Aqui estou eu
Como um sapato sem sola
Uma corda sem viola
Farto de andar a dedilhar
Músicas que não fazem dançar

Não sei se sou um vadio
Por andar a correr pelo rio
Pela razão das estradas serem turvas
O perigo que espreita em todas as curvas

Sou aquele ser humano
O negro, o branco, o indiano
Que não conhece credo ou cor
Atirando-se para a gaveta que guarda o amor

A minha companhia é um guarda chuva
Que não espera por um raio de sol
Está velho como uma passa de uva
Será meu amigo até escutar o rouxinol

Para onde vou eu
Com tão poucas palavras
Um bilhete para a terra do céu
Que neste inferno a mente lavra

terça-feira, janeiro 18, 2005

Sonho de uma noite

Dá-me a mão
Noite pura de cristal

Voa junto a mim
Num manto de estrelas

Vê os castelos de areia
Perante as ondas que crescem

Toca na lua
Que caiu ao mar sonolento

Ouve a melodia da fénix
Enquanto ofusca o sol

Divaga na beleza
Doce princesa velha
Ocultas mistérios
No teu véu negro
Que se rompe num raio de luz

Continua a sonhar
Quando acordo.....

Foge ao brilho do dia
Beija comigo o rosto da fantasia

segunda-feira, janeiro 17, 2005

Solistício

O sol sempre esquece
Quem o vê e ama

Entre lágrimas de fogo
Torna-se pálido
Nos campos do orgulho
Semeados pela desilusão do tempo

Que escoa nos braços de uma mãe
Vendo o filho desaparecer no horizonte

Aquela criança que dormia no escuro
Atira agora pedras no lago
Tenta não despertar as ninfas

Sim o seu velho exército
Duros marinheiros em mar revolto
Hasteiam o recente passado

Memórias cobertas de sangue ainda quente
Recorda a infância que chora
Pelas crianças que mergulham no mar
Como uma gaivota solitária
Rasga a pacificidade do natural

Ao florescer a esperada flor
No tom forte primaveril
Faz o grito revoltado
De tudo o que é belo

Refugia-se na dor
No eminente sorriso
Diz palavras secas, ocas
Guardando-as o vento no coração

domingo, janeiro 09, 2005

De seu nome: Sonho

Dá-me um pouco
Porque dei-te demais
Quero de volta tudo
Até os ditos bens reais

Peço-te o impossível
A riqueza que tens
Quero-a merecida
Na miséria se detém

Quero uma carta
Onde venha expresso o desejo

Simplesmente a pura verdade...
Como eu a ensejo

Chamar-te-ia pelo nome
Será esse na realidade ?

Salta e salta na imaginação
De quem sempre manterá virgindade

sábado, janeiro 08, 2005

Pergunto a ti,,,,

Sente este amor
Que não é paixão
Nem sequer dor
Jamais loucura
Sem algum sabor
Será amor ?

quinta-feira, janeiro 06, 2005

Viagem dos sentidos

Sentada no frio...
Tão quente quase me consumiu

Ali, apenas só como eu
Longe da terra, afastada do céu

Dançam os seus cabelos
Por onde subo para tentar vê-los...

Os montes da juventude floridos
Que beijo num vale esquecido
Onde corre um rio do amor
Indicando a floresta húmida do calor

Encerrada com chave natural
Desabrochando com toque divinal

Uma rosa na sua mais pura essência
Perde a cor, ganha a experiência
Dos lagos que se enchem da luz do prazer
Fazendo acreditar neste doce viver

Sensação de amena tempestade
Falece o corpo para eternidade

Soltando o néctar inocente
Que estremece o espírito indecente

Arrefecendo este lugar
Flamejando para o frio voltar....

quarta-feira, janeiro 05, 2005

Saga do amor

Sei que o amor é belo
Por vezes uma ilusão
Uma moeda que vai ao ar
Cai pela nossa desilusão

Banaliza-se a loucura
Quando o amor é mais do que paixão

Morre desejada aventura !
Fala mais alto o coração!

Quantas vidas desencontradas !
Marcham em falsas cruzadas!

Será que ganham alento...
Lutando contra moinhos de vento ?

terça-feira, janeiro 04, 2005

Sonho

Todos o querem
Todos o têm
Como simples enigma
O velho e gasto sonho sempre vêm

Para quem deseja
Como ninguém
Fechar os olhos
Ver mais além

Assim esperar ver alguém
Que faça acreditar
Que a esperança se mantém

segunda-feira, janeiro 03, 2005

Queda livre

Nunca se sabe o que o rio nos trará
Ninguém sabe para onde o futuro nos levará
Nem tão pouco acredito no presente
Pela razão do passado ser vidente

Descobri no dia a clara noite
Desesperadamente amava-a, mas ela foi-se
O espírito dilacerado por uma foice
Não fui travesso e levei um açoite

Olhei o céu, tinham-se perdido as estrelas
Muito em breve a noite se perdia
Corria para o sol que nunca amou
Deixando em queda quem sempre a amaria

domingo, janeiro 02, 2005






.....Palavras sem fim!

sábado, janeiro 01, 2005

Quatro vidas

Sente-se a Primavera
Florida, vêm com os ventos do sul
Vai-se o Inverno branco
Gelando o mar azul

Empalidece a Primavera
Com o vento suão
O sol cresce sem parar
Quando chega o tostado Verão

O Verão adormeceu
Na folhagem seca do Outono
Despiu a natureza
Que caiu em profundo sono

Cada uma distinta estação
São quatro, são uma ?
O Inverno a Primavera
O Outono e o Verão !

Seguem as palavras...

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